19 de dezembro de 2006

16 de dezembro de 2006

Lá vem ele

Sim, ele já está aí. Quem diria, o Natal está aí. Será o meu 25º neste ano. Nem parece que foram tantos. Mas este, mais do que todos, será especial. Mal posso esperar para chegar logo o Natal. Nunca estive tão ansioso assim. Além de toda a "magia" (não gosto deste termo, mas tudo bem) que cerca a data, é o único dia do ano em que vejo toda a parte "relevante" da minha família junta.

Nos reunimos em um clube, todo para nós, por dois dias. Já posso até ver: no domingo, de manhã, chegarei lá e verei logo meus primos Bruno e Marcel. Já fomos tão próximos e agora somos tão distantes. Conversaremos, falaremos besteira, atualizaremos nossas vidas uns para os outros. Depois, virão meus primos Luís Manoel, Heloísa e o resto todo. E meus cunhados, mãe e irmã. Meu pai não irá dessa vez. Não ouvirei ele dizendo "que caloooooooooooooooorrr" e "vai chovieeeeeeeeeeeeer". Nem fazendo suas piadas, as mesmas, para os parentes distantes. Vai fazer falta, ah, se vai.

Tomaremos cerveja. Sim, de manhã, é Natal, qual o problema? Jogaremos bola, cairemos na piscina, antes e depois do churrasco. À tarde, faremos filminhos bobos e jogaremos mais bola, cairemos mais na piscina e riremos, muito. Minha mãe chamará minha atenção: "cuidado para não sujar a camiseta, Nando!", como em todos os natais. Eu a sujarei, com certeza.

Minhas tias talvez passem um pouco de tempo me perguntando do meu novo emprego, minha recente mudança e tudo o mais. Logo desistirão, ao ver que continuo o mesmo moleque de sempre. No Natal, faço questão de não ser adulto. Ouviremos música, conversaremos sobre bandas. Contaremos piadas, riremos novamente.

À noite, reuniremos toda a família (os que não foram durante o dia irão estar presentes) para a ceia. Meu tio Jaime, que foi padre, conduzirá a oração. Falará do meu pai, então talvez eu chore. Minha mãe o vai, com certeza. Minhas irmãs também. Dirá, no entanto, que a vida na família se renova com o nascimento do filhinho da minha prima e a gravidez da minha irmã.

Comeremos, beberemos, nos fartaremos de nós mesmos, eu de minha alegria absoluta. Nada me deixará triste nesta noite. Nada. Dormirei com aquele sentimento infantil de quem tem que acordar cedo para uma excursão da escola. Acordarei para repetir tudo de novo no dia 25, o Natal propriamente dito. E serei feliz. Tenho certeza disso.

3 de dezembro de 2006

O ano em que meus pais saíram de férias

Quando vi o trailler desse filme, pensei: "ih, mais um filminho nacional pseudo que explora a ditadura, aquele velho blá-blá-blá de sempre". Aí, quando terminei de ver o resumo da história, ainda no próprio trailler, associei o filme logo a "Kamtchatchka", uma película argentina que conta a história da ditadura no país na visão de duas crianças filhos de pais comunistas. "O ano..." ficou pior na fita comigo.

Aí o trailler acabou e eu vi o nome do Cao Hamburguer como diretor do filme. Acendeu uma luzinha vermelha no meu cérebro e eu pensei: "opa! a coisa não deve ser tão ruim assim". O filme estreou no Festival de Cinema do Rio, fez sucesso e os comentários da crítica (eca!) foram bastante positivos. Influenciável que sou, fiquei logo ansioso para ver o filme, que parecia mesmo ser uma história emocianante.

Ontem, sábado, após um dia esquisito, resolvi ir ao cinema no shopping aqui perto de casa conferir o filme. Para adiantar, vou falar logo: é lindo. Na falta de palavra melhor, fica essa mesma: lindo.

O filme fala de um garoto cujos pais tiveram que se esconder durante a ditadura brasileira, nos anos 70. Para o menino, eles dizem que "saíram de férias". E que voltam a se encontrar durante a Copa do Mundo daquele ano. O garoto então é levado para a casa do avô, no bairro judeu do Bom Retiro, em São Paulo. A partir daí, desenvolve-se a trama toda, como num "Fantástico Mundo de Bob" menos escrachado e mais real.

O mais legal é que as referências à ditadura e aos temas mais "adultos" ficam todas veladas. É a visão da criança mesmo. A história é terrivelmente triste e, ao mesmo tempo, animadora. As cenas são "reais" em um nível surpreendente, e nada piegas. O "casal" protagonista dá um show. E no fim das contas, acho que a "moral" do filme é mesmo que a fantasia infantil pode ser superior a qualquer problema do mundo adulto.

Nem é preciso dizer que eu chorei as bicas. Fiquei vendo os créditos até o fim para não ter que sair do cinema com os olhos vermelhos e o nariz fungando. Não só por causa da história, que é de fato triste, mas pela constatação de que sim, infelizmente crescemos. E por mais que tentemos, jamais conseguiremos manter o idealismo infantil que um dia tivemos.

1 de dezembro de 2006

Paciência

Ser sozinho é legal, mas às vezes é tão chato.

- suspiro -

30 de novembro de 2006

Descanso

Tinha umas coisas para falar aqui, mas agora estou deveras cansado. Amanhã, talvez.

27 de novembro de 2006

Ah sim, o nome...

Na minha ânsia por estrear logo o blog, esqueci de explicar o nome que o batiza (redundância?). Pré resumir a história: existe uma banda que se chama Radiohead e que eu gosto pra caramba. Eles fizeram uma música que se chama "Fitter Happier" e está no terceiro disco deles, o "OK Computer", de 1997. O álbum todo é uma obra prima, e mesmo que não seja (quem sou eu para definir), eu pago pau e pronto.

Também resumidamente, posso dizer, pelas minhas próprias percepções e por tudo que já se escreveu sobre ele, que o disco fala, basicamente, da conturbada relação entre homem e máquina. Ou homem e mundo moderno, se preferirem. Ou da confusão que cerca a humanidade diante de tanta novidade e deslumbramento. Enfim: fala de como somos todos uns merdinhas diante de nós mesmos, quando tentamos nos impressionar com nosso brilhante planetinha e seus brinquedinhos.

"Fitter Happier" é, de longe, a música mais bizarra do disco. A música mais bizarra de todo o Radiohead, até. É uma música que pode ser chamada de esquisita com todas as letras. É repulsiva. Ninguém gosta dela. Pois eu, quando ouvi o disco pela primeira vez (vejam bem, eu disse PRIMEIRA), me apaixonei por "Fitter Happier".

Explico porquê. A letra toda, declamada por uma voz distorcida (como a de um robô) expressa ordens. Pequenas coisas que deveríamos fazer em nosso cotidiano para sermos felizes e levarmos uma vida satisfatória. Aí o robô, ops, a letra, fala pra gente manter o contato com os amigos e beber com eles, fazer exercícios três vezes por semana, não comer comidas de microondas, não jogar uma aranha no buraco da tomada e fazer supermercado e lavar os carros aos domingos. Normal, né? Mais que isso: confortável, né?

Mas eu, quando ouvi, percebi uma fina ironia no meio de tudo. Foi algo bem natural. Aquela voz, aquela letra naquele contexto, um pianinho triste por trás. Foi como se visse o mundo como o conheço passando diante de meus olhos, e percebesse, ao mesmo tempo, como ele está errado. E triste.

Um verso, no entanto, se transformou para mim em um paradoxo:

"fond, but not in love"

Corri ao dicionário e percebi que "fond" quer dizer, exatamente, "afeiçoado". Ou seja: a música diz para nos afeiçoarmos por alguém, mas não para apaixonar-mos. Pensando na letra como um todo, é mesmo um paradoxo. Ora, não é bom não nos apaixonarmos? Tão bom quanto a sensação de lavar o carro aos domingos e ir ao supermercado? Pois é. Nem a ironia da letra agüentou o poder, neste caso negativo, do amor. É o único verso realmente pessismista da música, sem saída, encurralado. "Goste, mas não se apaixone".

Este verso é o umbigo de "Fitter Happier". O nó da canção. Se você quer entender o Radiohead, entenda "Fitter Happier". Se quer entender "Fitter Happier", entenda o verso "fond, but not in love". Ou, melhor que entender, sinta-o. O efeito será bem maior.

Goste, mas não se apaixone. Puta merda.

24 de novembro de 2006

Patrulha da neve

Volta e meia, eu me surpreendo com algumas bandas das quais já gostava, mas que não ouvia há tempos sei lá porquê motivo. Usando como justificativa o esquecimento de um CD do Snow Patrol (Final Straw) na casa de um amigo, resolvi ouvir a banda.

O CD esquecido é o 3º deles, quando eles deixaram de vez o mundinho undeground e conquistaram a Europa com hits grudentos e música pop de qualidade. Nada contra, continuei adorando eles. Mas putz, como os dois primeiros álbuns são bons! Principalmente o segundo, "When It's All Over We Still Have To Clear Up", de 2001.

Os caras são da Irlanda do Norte, mas foram para - adivinhem - Glasgow, na Escócia, tentar ganhar a vida com a música. O disco tem a participação de várias figurinhas da "moderna música indie escocesa" (essa definição soou como um giz novo se arrastando no quadro negro, mas tudo bem), como o Sturt Murdoch e o Mick Cooke, do Belle and Sebastian, e outros caras que eu não faço idéia de que bandas são.

Enfim, são 14 músicas que parecem passar como um relâmpago diante dos ouvidos. Digo isso porque elas são rápidas, e não pesadas (ok, nunca fui bom com figuras de linguagem). São pelo menos quatro pérolas: "Never Gonna Fall In Love Again" (pelo título, que deveria ser um eterno mantra repetido por toda a humanidade); "Ask Me How I Am" (pelo arranjo vocal e de violão), "Making Enemies" (dois acordes e várias "camadas") e "Batten Down The Hatch" (pela referência a Brian Wilson e o piano de Stuart Murdoch).

Em "Songs For Polarbears", o debut (uau, sempre quis usar essa palavra!) dos caras, o maior destaque é "Starfighter Pilot". Um rock meio hip hop, com uns troços de DJ no meio da música - não se assustem, é muito massa.

Enfim, ouçam Snow Patrol sempre que puderem. Eu ouvirei até reencontrar outra banda perdida, e deixar os patrulheiros da neve novamente no meu limbo musical.

Bexiga vazia

Recentemente, passei por alguns momentos bastante felizes. Muito felizes mesmo. Quer dizer, no cômputo geral, acabaram sendo mais ou menos felizes. Mas foram momentos densos - positivamente falando.

Aí de repente voltei para minha vida. Onde só existe eu, onde eu preciso me sustentar e fazer a maior força possível para me apoiar nesses raros momentos felizes e continuar indo. Quando me dei conta de que tudo já tinha voltado ao normal, eu chorei. Não é fácil eu chorar. Geralmente, choro vendo filmes (até com matéria do Esporte Espetacular já chorei). Mas esses são choros inocentes, divertidos até. Dessa vez, eu fiquei preocupado. Chorei de tristeza, um choro desesperado. No meio dele, eu me peguei, várias vezes, dizendo: "me ajuda". Tive dó de mim.

Depois, percebi que isso tudo foi necessário para "esvaziar" o excesso de alegria que estava dentro de mim. A felicidade não merece encarar a vida que eu levo - ela não agüentaria. Esperta - e nada solidária - ela se foi, como o ar que sai da bexiga, deixando-a murcha e vazia.

23 de novembro de 2006

Da labuta

Não, não é fácil. Puta que o pariu. Diariamente, preciso lidar com o fato de que meu trabalho, e a única coisa que sei (pelo menos até agora) fazer para ganhar dinheiro, ser um saco. Quero dizer que perco a maior parte de meu tempo no trabalho pensando se é isso mesmo que eu quero fazer da vida, e não consigo espaço para me empolgar ou me "motivar", como diriam os teóricos que vivem mexendo nos queijos dos outros para ganhar os deles.

Junte-se a isso o fato de minha chefe ser uma boçal (é até divertida quando não dorme de calças, e competente - isso é inquestionável), meu ambiente de trabalho ser tão salubre quanto o quarto onde vivia Rodion Raskholnikov, meus colegas serem um bando de marionetes da ambição humana e pronto, temos o cenário completo. Ah, também esqueci de dizer que trabalho bem mais do que deveria e não ganho absolutamente nada a mais por isso (nem um tapinha nas costas).

É triste dizer isso, mas o único fator (tá bom, tá bom, o principal fator) que me mantém no meu ramo de atividade empregatício é a preguiça de largar tudo e começar tudo do zero. Eu preciso mentir. Preciso deixar de ser eu mesmo. Todo o dia, toda hora. Nada demais, mas poderia ser melhor, né?

Um dia vou escrever um livro só para contar, detalhadamente, tudo que estou generalizando. Ah, se vou.

21 de novembro de 2006

Apresentação

Eu sei. Ninguém vai ler isto aqui. Tudo bem, não é isso que eu quero mesmo. Aliás, eu realmente não quero isso. Espero que este espaço possa servir para o exato objetivo que ele tem: ser minha privada diária, semanal, mensal ou anal (ops!) de minhas idéias, devaneios e pensamentos.

Coisas que eu não digo para ninguém, mas a partir de agora passarei a dizer para mim mesmo. Segredos incompartilháveis, histórias que deveriam permanecer entre quatro paredes, ou no espaço da mente (que pode ser bem grandão). Sem repreensões (espero). Sinceramente, não imagino que este espaço possa ser útil. Mas resolvi arriscar.

Volte sempre.