10 de janeiro de 2010

Em Prudente, o número 1 é mais embaixo

Ok, interrompo minhas férias internáuticas (no meio de minhas férias reais) porque o assunto pede urgência. Na verdade, eu adoraria ter um blog "sério", segmentado, não para viver disso - exatamente o contrário, a ideia é ter liberdade e tempo o suficiente para fazer o que bem entender -, mas sinto que seria legal tocar algum projeto com uma cara mais, digamos, profissional.

Enfim.

Se meu blog sério fosse sobre crítica gastronômica, eu teria arrumado um forte inimigo. Um inimigo número 1, eu diria.

Passando breve temporada em Presidente Prudente, cidade abençoada onde vive minha família, fui à pizzaria Número 1 ontem, com minha digníssima, cunhado, irmã, sobrinho e mãe. Já conhecia o lugar, sabia que a pizza era mais ou menos (digna, mas nada demais), mas a decisão acabou se mostrando um grande erro. O local estava abarrotado de gente. Fila quilométrica para pegar mesa, pessoas saindo pelo ladrão. Até que não demoramos tanto para conseguir um lugar, mas estava bom demais para ser verdade.

Meu cunhado precisou pedir uma cadeirinha especial para meu sobrinho (ele tem dois anos) para três garçons diferentes. Demorou uns cinco minutos até podermos fazer o pedido, que era bem simples: refrigerantes, cervejas e cinco rodízios. O primeiro pedaço demorou, sem dúvida, mais que cinco minutos para chegar. E se você pensa que isso é pouco tempo, e que estou reclamando de barriga cheia, me perdoe, mas você nunca foi a um rodízio de pizza decente.

Entre um garçom e outro, trancorria-se uma eternidade. A ponto de querermos ir embora. Como se isso ja não desabonasse o atendimento, um dos refrigerantes veio no copo sem gelo (apesar da ênfase no pedido) e um dos garçons derrubou um pedaço da pizza de alho na mesa quando foi servi-lo (foi alho frito para tudo quanto é lado - e ninguém sequer se deu o trabalho de limpar!).

Vale lembrar que o valor do rodízio é de R$ 17,50. Um absurdo pelo serviço porco, pelo local (que não oferece nada além de um galpão lotado de mesas, sem decoração especial ou algo que o valha) e pelas pizzas em si (contei cinco pequenas rodelas de palmito no pedaço da pizza desse sabor que me foi servido). Até na Cascata, em Ribeirão, com rodízio a R$ 9,90, arrisco dizer que tudo é bem melhor.

Na hora de pagar, pelo menos, a única coisa boa: o cara não teve a cara de pau de incluir os 10% da taxa de serviço. O que mostra que eles são ruins, mas ao menos têm autocrítica.

(Agora vem o momento "análise sócio-política regional" incitado pelo puro e simples sentimento do blogueiro de que este espaço é dele e ninguém pode impedi-lo de dizer o que ele quer)

O triste de tudo isso é que essa tal Número 1 é, de fato, uma das únicas (ao lado de umas outras, sei lá, três) opções em Prudente para se comer uma pizza. O lugar é assim e vai continuar assim. Meu cunhado mesmo disse "ah, é sábado, a gente veio tarde, lota mesmo, os caras não aguentam". Não aguentam? Ora! Que contratem mais gente! Ou limitem o número de vagas para os clientes - ah, é claro, isso os forçaria a buscar uma opção melhor, ou quem sabe, faria com que um deles mesmo abrisse sua própria pizzaria na cidade, não é mesmo?

Prudente é a capital de uma região pobre, esquecida e abandonada, pelo Estado e pelos seus próprios governantes. A cidade não se desenvolve por uma série de (des)interesses, mas para o pessoal de Sadovalina, Teodoro Sampaio, Pirapozinho, Presidente Bernardes, Alfredo Marcondes e afins, comer uma pizza na Número 1 no sábado à noite equivale ao "teatro (cinema) - jantar (barzinho)" do paulistano suburbano. É o máximo visitar a metrópole.

Posso estar sendo irritantemente pedante? Posso. Mas sei que tenho um fundo de razão. Muita coisa aqui poderia ser melhor, mas não é simplesmente porque não precisa ser. Para a maioria das pessoas, está bom assim.

Como diz um trecho do hino da cidade, "qualquer raça do mundo/ que nela aportar /o labor e o amor profundo/ há de encontrar".

Labor e amor profundo sim, já bom atendimento em serviços vai ser difícil...

Como?

Na home da Folha Online em 10/01/2010:

Trinta e nove, 250, 11...

Como diria uma professora da faculdade, "precisão, percebe?"