Quando vi o trailler desse filme, pensei: "ih, mais um filminho nacional pseudo que explora a ditadura, aquele velho blá-blá-blá de sempre". Aí, quando terminei de ver o resumo da história, ainda no próprio trailler, associei o filme logo a "Kamtchatchka", uma película argentina que conta a história da ditadura no país na visão de duas crianças filhos de pais comunistas. "O ano..." ficou pior na fita comigo.
Aí o trailler acabou e eu vi o nome do Cao Hamburguer como diretor do filme. Acendeu uma luzinha vermelha no meu cérebro e eu pensei: "opa! a coisa não deve ser tão ruim assim". O filme estreou no Festival de Cinema do Rio, fez sucesso e os comentários da crítica (eca!) foram bastante positivos. Influenciável que sou, fiquei logo ansioso para ver o filme, que parecia mesmo ser uma história emocianante.
Ontem, sábado, após um dia esquisito, resolvi ir ao cinema no shopping aqui perto de casa conferir o filme. Para adiantar, vou falar logo: é lindo. Na falta de palavra melhor, fica essa mesma: lindo.
O filme fala de um garoto cujos pais tiveram que se esconder durante a ditadura brasileira, nos anos 70. Para o menino, eles dizem que "saíram de férias". E que voltam a se encontrar durante a Copa do Mundo daquele ano. O garoto então é levado para a casa do avô, no bairro judeu do Bom Retiro, em São Paulo. A partir daí, desenvolve-se a trama toda, como num "Fantástico Mundo de Bob" menos escrachado e mais real.
O mais legal é que as referências à ditadura e aos temas mais "adultos" ficam todas veladas. É a visão da criança mesmo. A história é terrivelmente triste e, ao mesmo tempo, animadora. As cenas são "reais" em um nível surpreendente, e nada piegas. O "casal" protagonista dá um show. E no fim das contas, acho que a "moral" do filme é mesmo que a fantasia infantil pode ser superior a qualquer problema do mundo adulto.
Nem é preciso dizer que eu chorei as bicas. Fiquei vendo os créditos até o fim para não ter que sair do cinema com os olhos vermelhos e o nariz fungando. Não só por causa da história, que é de fato triste, mas pela constatação de que sim, infelizmente crescemos. E por mais que tentemos, jamais conseguiremos manter o idealismo infantil que um dia tivemos.
3 de dezembro de 2006
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