26 de fevereiro de 2007

Tudo sobre

Hoje, tomei uma das decisões mais importantes (e acertadas) da minha vida. Às 22h em ponto, precisei escolher entre assistir os filmes "Sr. e Sra. Smith" e "Tudo Sobre Minha Mãe", que passariam em canais diferentes na TV, e no mesmo maldito horário.

O dedo no controle estava nervoso, e oscilava entre os canais. Indeciso entre o blockbuster com a gostosa da Angelina Jolie e o independente com a gostosa da Penélope Cruz. Parou no segundo. "O pseudo espanhol. Droga", pensei.

Uma hora e 40 minutos depois, mais ou menos, estava em êxtase, e pensei que Brad e Angelina eram nada mais que lixo puro. O Almodóvar é mesmo foda. O cara tem a manha. Bolei uma analogia meio besta que justifica a fodidez do filme que acabei de ver. Vamos lá.

Às vezes, no trabalho, fico o dia inteiro apurando informações para uma reportagem que promete ser bastante grande. Quando chega o fim do dia, os planos mudam e ela vira um texto pequeno. É preciso, então, condensar tudo o que foi apurado naquele espaço: números, argumentos, declarações, pontos de vista. Sempre quando isso acontece, acabo ficando um pouco frustrado, porque tenho a impressão de que o trabalho final nunca fica bom.

Com o "Tudo Sobre Minha Mãe", Almodóvar conseguiu atingir a perfeição em contar uma história cheia de nuances em uma hora e 40, um "texto pequeno" para os padrões do cinema - gastam muito mais tempo para mostrar efeitos especiais por aí. Ademais, nunca imaginei que me veria chorar diante de uma cena que mostra um pai travesti aidético conhecendo seu filho.

Agora, estou um pouco incomodado, mas com uma sensação boa, de alguém que sabe que acabou de ver uma grande obra - e pode senti-la e compreendê-la em toda sua magnitude. Pseudo isso, né? É. Nem só de Penélope Cruz se faz um bom filme do Almodóvar.

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