11 de fevereiro de 2007

Espelhos

Sempre fui meio que fascinado por espelhos. Quando era criança, lembro-me com perfeição de quando pegava um pequeno espelho retangular com a moldura alaranjada da minha mãe e o posicionava perpendicularmente abaixo de meus olhos. Desse modo, tudo o que eu via era o reflexo do teto na minha frente. E assim ia andando pela casa, "tropeçando" em lâmpadas e dando risada de mim mesmo e daquela fantasia toda.

Outra coisa que adorava fazer era abrir as duas portas laterais do armarinho espelhado do banheiro e olhar, de soslaio, o "túnel" infinito de espelhos que se formava. Igual a embalagem da farinha fáctea, um pedaço do espaço continuum ali, no meu cotidiano.

Hoje, fui à agência dos Correios e presenciei outro fenômeno interessante relacionado a espelhos. Estava sentado quase que de frente para uma grande coluna espelhada, enquanto esperava minha vez de ser atendido. No espelho, eu via refletida a entrada da agência. Atrás da coluna, havia os guichês de atendimento. Eu olhava as pessoas passando atrás da coluna e "sumindo" no mundo paralelo de dentro do espelho.

Até que o extraordinário aconteceu. Uma moça foi caminhando, por trás do espelho e, no exato momento em que sumiu atrás da coluna, foi "substituída" por uma senhora mais velha no mundo do espelho. A sincronização foi perfeita. Confesso que fiquei impressionado, a ponto de me levantar da cadeira e verificar se a moça realmente estava atrás da coluna. Estava, é claro.

Vou dormir ainda me perguntando: em que mundo estaria eu?

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