29 de janeiro de 2007
Dúvidas
Parei uns minutos para olhar a cidade da minha janela. Nossa, essa é uma frase horrorosa para começar um texto, não? Mas vai essa mesma na falta de outra melhor. Ou na falta de outro assunto melhor. Puxa vida, adoro fazer isso. Escrever o que vem na cabeça, sem seguir ordens, sem ter que alinhar idéias, sem ter que seguir padrões. Há quanto tempo não fazia isso. Então, voltando. Da janela, dá para ver uma porção de outras janelas, acesas e apagadas. Fico realmente pensando quem pode estar dentro de cada um dos apartamentos que elas (as janelas) tentam exteriorizar. As janelas são isso: objetos que tentam, quase sempre em vão, levar para fora o que está dentro de cada parede que as cercam. No meu caso, funciona às vezes. Mas hoje, não. Me senti realmente como um estrangeiro: não pertenço a nada, a ninguém, não tenho motivação, não me orgulho, quase não rio como antes. Aquela risada de verdade. Sempre achei esse distanciamento o máximo, importante e salutar. Agora, já não sei mais. Tenho saudade de me apegar, e de sentir que alguém está apegado a mim. Claro, eu sei que essas pessoas existem. Mas estão todas distantes, e períodos prolongados de distância geram dúvidas, incertezas e insegurança. Muita insegurança. Amanhã tentarei de novo - e quem sabe dessa vez a janela possa me ajudar.
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