15 de agosto de 2010

Teste cego da cerveja


Prólogo


Eu não entendo muita coisa de cerveja. Só sei que gosto de tomá-las, assim, de vez em quando, em casa, na hora de fazer comida ou para ver o futebol, ou ainda no bar com os amigos.

Acontece que, quando estou no supermercado diante das gôndolas destinadas à bebida preferida dos brasileiros, nunca sei que marca levar para casa. Ao contrário de alguns amigos, que sempre têm uma opinião muito bem formada sobre o assunto: "Skol é cerveja de menina ou de boyzinho na balada", "Brahma é que é cerveja de macho", "Antarctica? Se não for de Agudos, é grave", e por aí vai.

Por isso, sempre acabo recorrendo às marcas que eu ACHO que são as melhores, baseado nas opiniões desses mesmos amigos ou, porque não, do bom e velho marketing. É fato que que quem anuncia mais (e melhor) tem mais poder. E a gente sempre acaba sendo influenciado. Fora o poderosíssimo "imaginário popular", né? "Kaiser tem gosto de remédio", "Nova Schin é mijo", e etc.

Eu precisava tirar isso a limpo. Para dirimir minhas dúvidas na hora de escolher a cerveja certa diante de tantas opções. Para poder beber determinada marca sem culpa naquele churrasco com a família. Ou, ainda, para ter bons elementos na hora de criticar a cerveja que seu amigo trouxe para casa no fardinho com 12 unidades para aquela festinha.

Claro que se pudesse eu só comprava cerveja importada. Mas não posso. Por isso, fiz um teste cego entre as "bambambans" nacionais, as mais fáceis de encontrar, as que todo mundo toma. Acho que é forma mais justa de decidir, já que supostamente o que deveria interessar em uma cerveja é seu sabor.


Os critérios

Escolhi seis marcas que penso serem as mais populares do País: Antarctica, Brahma, Skol, Nova Schin, Kaiser e Itaipava. Excluí marcas como a Bohemia, que tem qualidade sabidamente superior, e outras mais novas no mercado ou muito mais baratas, destinadas a outros públicos. Também excluí marcas que não possuem versões em lata.



Para o teste, usei uma venda, e minha querida mulher Priscila (que mostra, como sempre, ser uma esposa exemplar, me apoiando até mesmo nesse tipo de bobagem) enumerou as cervejas em uma ordem da qual só ela sabia. À medida que eu fazia as "degustações", anotava minhas impressões.

Resolvi avaliar a textura (se é muito líquida ou mais cremosa) e "índice de amargor" (em níveis que vão de 1 a 5), além dos sabores contidos na cerveja.

Entre uma marca e outra, comi um aperitivo, e pela primeira vez na vida pude realmente compreender o sentido da expressão "tira-gosto". O aperitivo não terá sua marca divulgada porque este blog não ganhará nada por isso. Basta dizer que se trata de uma conhecida marca de batata-frita que antes custava o olho da cara mas que agora está com o preço mais acessível e pode ser até comprada de vez em quando, cujo sabor é espetacular!


Vamos lá?


O teste

Em ordem de desgustação:

Número 1 (não é a Brahma) - Nova Schin

Textura nível 5 (muito cremosa), o que para mim é bem bacana. Amargor nível 3 (tá bom assim), mas pecou nos sabores: no final do gole, aparece alguma coisa estranha, como... madeira? Difícil definir pra quem não é enólogo, barista ou afim.





Número 2 - Brahma


Textura nível 3 (bom, mas poderia ser melhor), amargor nível 4 (eita ferro!), com sabor bastante uniforme, sem alterações durante a degustação. Uma cerveja bem na média, mas meio amarga demais para meu gosto.






Número 3 - Kaiser


Textura nível 4 (cremosinha), amargor nível 3 (tá bom assim), com sabor também bastante uniforme. Como é um pouco mais suave, para mim levou vantagem sobre a concorrente nº 2. Nas minhas anotações, escrevi: "até agora a melhor".





Número 4 - Antarctica


Textura nível 5 (muito cremosa), amargor nível 3 (tá bom assim) e sabor uniforme, sem surpresas. Ganha das demais analisadas até então por ser um pouco mais cremosa.






Número 5 - Itaipava


Textura nível 4 (cremosinha), amargor nível 2,75 (suave como tem que ser). Foi a que apresentou a maior complexidade de sabores: meio frutada, além de deixar um "rastro" bastante agradável depois do gole.






Número 6 - Skol


Textura nível 2,5 (parece água), amargor nível 3 (tá bom assim), mas com uma nota no sabor MUITO estranha. Algo que me remeteu a... peixe. É, é isso, fazer o quê? Você pode me chamar de maluco, mas não é o que eu espero encontrar em uma cerveja.





Chorinho


Droga, quem comprou Bavaria?










A escolhida


Durante as degustações, eu não tinha nenhuma pista de que marca estava tomando. Quando terminei, a melhor estava evidente.


Eu me surpreendi bastante. Itaipava passa longe das minhas preferências na hora da compra, e olha que eu já tive amigos me dizendo: "só compro Itaipava", "Itaipava é muito boa". E eu pensava: "nossa, esse aí não entende bosta nenhuma de cerveja."

Paguei com a boca, literalmente.

Se fosse fazer um ranking, ficaria assim:

1 - Itaipava
2 - Antarctica
3 - Kaiser
4 - Brahma
5 - Nova Schin
6 - Skol


Conclusão

É importante dizer que tudo o que foi dito aqui é estritamente SUBJETIVO. Eu não sou "cervejólogo" e nem quis descobrir qual é a melhor cerveja do Brasil (quem sou eu pra definir uma coisa dessas?). Quis apenas escolher a melhor cerveja PARA MIM, e compartilhar todo o processo neste humilde blog.

No fim das contas, acho que a lição que fica mesmo é que paladar cada um tem o seu, assim como gosto para determinado tipo de música ou cor de camiseta. E isso deve ser respeitado, oras. Pode ser que eu ouça de alguém: "Itaipava? Tá maluco? Boa mesmo é a Skol"; com a diferença de que agora poderei responder "maluco é você".

Então, um brinde às diferenças. Mas sem Skol, por favor.

9 comentários:

Rafael Melo disse...

Cara, que teste bacana! Vou fazê-lo uma hora. Sempre defendi que Itaipava tem gosto de banana. E não é que você mencionou algo assim?! Massa! Tenho ficado entre Brahma e Itaipava.

Luís Fernando disse...

Pois é, cara! Banana é uma boa referência. Mas é isso: me serviu para tirar o preconceito. Aquela coisa de que a gente compra pelo rótulo é verdade mesmo.

marina aranha disse...

o rafa é meu amigo. ele é massa, mas não roube minhas amizades. tenho poucas. haha

ó, eu vou, antes, comentar as fotos e a minha passagem RÁPIDA pela página: hahahahahahahahahahahahaha.

pronto, é isso!
agora vou ler o texto!
falô aí!

Maria Fernanda Ribeiro disse...

Luis Fernando, você é realmente um cara muuuuuito engraçado. A Marina tem razão: o teste foi sensacional, mas as fotos são de longe a melhor coisa do blog!!!! hahahaha

Luís Fernando disse...

Ahahaha! Obrigado, meninas. Na falta de outros atributos, que pelo menos seja engraçado, né?

Reverendo e fabebum disse...

Comecei a ler pela metade e achei que você tivesse bebido porra. "No final do gole, aparece alguma coisa estranha", "eita ferro!", "cremosinha" e "além de deixar um "rastro" bastante agradável depois do gole" são dignos de um prudentino ligado ao bukkake. "Uiuiui, hoje vou avaliar cinco variedades: Gerson, Tadeu, Hélio, Tião e Humberto."

Anônimo disse...

Muito bacana! O melhor mesmo é cada um provar e escolher a sua, vez que somos influenciados pelos outros e maioria diz que a Skol (das populares) é a melhor. Parabéns pela ideia, foi muito interessante! Eu provei Devassa esses dias e achei a mais cremosa que já tomei, mas no geral acho cerveja ruim, bebo de vez em quando porque é gelada e aqui no nordeste o calor não alisa!!!

Anônimo disse...

Na minha opinião você tem um bom paladar para cervejas. Sou um apreciador das cervejas puro malte, mas de vez em quando devemos beber estas pilsen que você colocou no teste, concordo com o último lugar, Skol atualmente tem um sabor muito ruim, azedo. Colocaria a Kaiser e a Antarctica em 1º. Parabéns.

Anônimo disse...

Legal, cara, vc foi demais. Sou cervejeiro das antigas, concordo com vc na Itaipava, pena que pra mim, ela me tras, no momento, uma puta dor de cabeça e no outro dia diarreia. Dessas que você provou, as que meu organismo tolera é, em primeiro a Antarctica e depois a Brahma.