3 de junho de 2010

Sobre não fazer nada

Nos meus bons tempos de faculdade, no final de mais uma rodada de War II (sim, sou nerd) madrugada adentro, alguém reclamou que não teria tempo de dormir para a aula (cof, cof) do dia seguinte.

Aí um amigo veio dizendo que uma pesquisa comprovou - como eu não sei - que, a cada hora menos que o necessário que determinada pessoa dorme, ela perde 15 minutos de vida. Um outro amigo, que realmente deveria investir na carreira de stand-up comedy, completou: "Ah, mas aí você ganha os 45 minutos em que ficou acordado, né?"

Foi uma piada, mas o fato é que eu penso assim.

Dormir é o ápice do ostracismo humano. Como não? "É importante para o organismo, descansa. Recarrega as baterias." Sim, claro. Mas produzir mesmo, ninguém está produzindo nada.

Nem os sonhos a gente controla! Respiração? Pfff... Se colocarem veneno no ar, morreremos, tamanha nossa falta de controle da situação - afinal, não podemos fazer NADA a respeito de qualquer coisa que seja.

Mas calma. O presente post não é uma ode à hiperatividade ou a defesa daquela coisa idiota de que #dormirehparaosfracos. Só acho que, se for para fazer nada, que seja com estilo. E acordado.

Acontece que minha definição de fazer nada é bem ampla. Desde muito cedo, e sei lá como, aprendemos que temos que estudar, trabalhar, criar filhos e morrer.

Pois bem: para mim, o que não está relacionado a isso é fazer nada. Cinema + jantarzinho no sábado à noite? Descanso (mesmo com todo o trabalho que dá para arrumar vaga no estacionamento). Almoço intercalado durante dois períodos no trabalho? Tortura medieval. É mais ou menos assim.

A solução aparente seria transformar o trabalho em NADA, mas isso é impossível. E eu não acredito naqueles que dizem: "nossa, adoro meu trabalho".

Você pode integrar o elenco fixo de filmes pornô com a Scarlett Johansson, ou ser degustador de cervejas tchecas, mas sempre vai ter um dia em que vai acordar e pensar: "estou de saco cheio disso aqui! Quero fazer nada!" Como dizem, tudo que vem em excesso faz mal - e o trabalho obviamente se inclui nessa categoria.

Ultimamente, tenho pensado cada vez mais em como seria legal ter mais tempo para fazer nada. Não sei qual religião diz que o paraíso é aquilo que a gente quer que ele seja, mas eu acredito nisso. E quero que o meu seja um monte de nada.

Até lá, vou tentando a sorte na Mega-Sena.

PS: Descobri que esse blog agora tem audiência, já que foi linkado pela Gabriela e consta na lista de favoritos da Marina. Vou tentar tomar vergonha para melhorar um pouco tudo isso aqui. Obrigado, meninas!

Um comentário:

marina aranha disse...

guitaaar heroooooo!
/,,/
hahahaha