Brasil x Costa do Marfim, 20 de junho de 2010, domingo. Seguem alguns comentários que ouvi durante a partida e após o fim dela, ao vivo ou em Twitter e afins:
"Esses negão aí (Costa do Marfim) correm bem mais que os brasileiros."
"Tomara que o Elano tenha quebrado a perna (após receber falta criminosa e ter marcado um dos gols do jogo) para ficar fora da próxima partida."
"Ah, mas esse gol até minha vó fazia (sobre o gol do Elano)."
"O gol do Luis Fabiano foi um golaço. Mas também, contra a Costa do Marfim..."
"Precisa usar a mão pra marcar contra a Costa do Marfim?"
"O jogador da Argentina pediu música do The Killers no Fantástico. O Luis Fabiano pediu Exaltasamba. Somos mesmo melhores em tudo"?
Fazer piada é uma coisa, eu sei. Mas eu não consigo entender porque há tanto pessimismo, tanta autodepreciação em torno da seleção brasileira.
Na seleção, há muito espaço para críticas, principalmente nas atitudes do Dunga e até mesmo na qualidade técnica de alguns jogadores. Mas há muito exagero.
E a única explicação que eu vejo para isso é a mesma da qual todos acusam o Dunga: rancor. Rancor da imprensa por fechar os treinos, blindar entrevistas e evitar a troca de informações de bastidores. Rancor da torcida por não ter levado o Ganso, o Neymar e o Rui do Chapéu.
Você pode adorar o Ganso e o Neymar, mas o fato deles não terem sido convocados não torna seus substitutos (no caso, Julio Baptista e Grafite) automaticamente uns imbecis.
É como aquela coisa do crítico de música: não é porque você não gosta de determinada obra que ela é ruim. Aceite isso. Seria muita arrogância, né? Se você acha que tal jogador é ruim, me dê argumentos que sustente sua tese. Errou um passe? Perdeu um gol? Bom, isso tudo já aconteceu com Ganso, Neymar e até com Pelé. Se não gosta dele, é outra coisa.
Da mesma forma que não gostar do Dunga não tira o crédito de todo o trabalho dele (ele foi o capitão do tetra, porra!) e de toda sua equipe.
Infelizmente, criou-se a ideia geral de que ser crítico, ser "do contra", é sinal de inteligência, de "personalidade".
Os resultados de Dunga e de sua equipe até agora estão aí, inquestionáveis. E eu nem digo que quem fala mal à toa desse time não entende nada de futebol, porque eu também não entendo. É pura questão de confiar e torcer, se ligando nos pontos fortes (eles existem). Com essa seleção aí nem precisa tanto esforço.
Se o Brasil ganhar a Copa (eu acredito que vai - e apenas acredito, sem me basear em elemento científico nenhum), com certeza vamos ouvir "ah, o nível da Copa estava muito baixo, só assim mesmo." E essas mesmas pessoas, daqui a alguns anos, se esquecerão de tudo isso e dirão, orgulhosas: "como jogava aquele time do Dunga!"
Eu prefiro fazer isso agora.
21 de junho de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário