8 de maio de 2012

PS

Acho que foi o Jostein Gaarder que escreveu que Deus se diverte observando os humanos e suas pequenas preocupações. Como se fôssemos um conjunto de playmobils, só que articulados e com vontade própria.

(Antes que você pergunte: sim, filosofia infanto-juvenil de boteco é o melhor que temos para hoje)
Adotando essa postura, podemos notar que tudo o que fazemos, ou que um dia ainda possamos fazer, ou que pensamos em fazer, é inacreditavelmente pequeno. E certamente ridículo. Talvez, no máximo, e com esforço, engraçado.
Como num silogismo, chegamos à conclusão: reduzir as expectativas é o segredo da felicidade.
Muito fácil. Muito simples. Só que não.
Porque a revista sugere que você seja bonito e esbelto, experimente aquele novo restaurante cuja cotação do prato é de $$$$ (num máximo de $$$$$), pede que você compre o novo CD do artista que mistura funk, jazz e MPB e resume a modernidade em 12 canções e indica o uso daquele conjunto de calça e paletó que será moda no inverno e custa só R$ 1.999 (preço sugerido).
Porque sempre tem alguém, como que por osmose, como num inception, dizendo que é preciso fazer sempre mais, e melhor. Se o demônio existe, é isso que ele faz por aqui: dissemina essa ideia entre a humanidade.
E aí a gente vai: estuda, trabalha, ganha dinheiro, compra iPhone, abre conta no Twitter e Facebook, compartilha foto e texto espertinho e espera ansioso pelos "curtir"; arruma uma mulher gostosa, não exatamente porque ela é gostosa, mas principalmente pra poder falar pra todo mundo que ela é gostosa; depois arruma outra, mais gostosa. Enfim, faz um monte de coisa porque acha que é o certo, mas não porque é, de fato, o certo.
Está difícil existir, por esses dias. Vamos ver o que dá.

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