Ah, o consumo.
É bem sabido que o ato de comprar certas vezes é bem mais prazeroso que utilizar o próprio objeto comprado, e enquanto não inventarem uma droga que não mate ou engorde, é assim que vamos: às compras.
Fim de ano é sempre aquela coisa, e antes de continuar eu já quero dizer que é claro que eu gosto de fazer compras. Acontece que eu me meti em uma família (no melhor sentido possível, gente) onde no Natal é tradição máxima trocar presentes. E o pessoal não está muito disposto a simplesmente entrar no shopping, olhar e comprar. Ainda mais quando tem mulher no meio, meu amigo.
Não, não. Tem de pesquisar, ir até os lugares mais baratos (mesmo que isso inclua ter de se deslocar alguns quilômetros), olhar no concorrente, ver na internet, voltar para aquela loja na esquina onde a vendedora era mais atenciosa... A coisa toda dura meses, e tem requintes de um grande evento.
Eu já acompanhei várias dessas jornadas. Elas sempre duram horas, e invariavelmente termina comigo e meu cunhado emburrados sentados em um banqunho qualquer, com sacolas na mão, esperando minha mulher/namorada dele, minha cunhada e minha sogra/mãe dele saírem de mais uma loja e entrarem em outra para dizerem "agora é sério, é só mais essa".
Meu sogro, já calejado, trata de inventar uma desculpa qualquer e fica em casa. Chego a supor que o grande motivo dele ter tido um filho e deixado sua filha casar comigo seja esse: ter alguém para levar a turma às compras para poder descansar.
Bom, baseado em algumas dessas experiências, desenvolvi uma espécie de manual sobre o comportamento feminino diante de determinados produtos. Vale dizer que eu continuo sem entender muita coisa, e isso tudo não tem propósito algum, a não ser, quem sabe, preparar algumas almas masculinas para a próxima temporada de compras.
Sapatos - cara, não dá pra entender a fixação das mulheres por sapatos. Tem sapato para trabalhar, sapato para o dia a dia, sapato para ficar em casa, sapato para sair de manhã, sapato para sair ao pôr do sol, sapato para ir no restaurante japonês. E, para cada categoria, elas têm que ter uns 15 pares diferentes. Duro é achar. Minha mulher mesmo diz que o pé dela é "alto". Então os modelos A, B, C, D, E e F não servem. Mas se for o A, com a forma do F, na numeração 35, e se for de couro, talvez dê certo. Ah, mas está caro. Na outra loja tem o modelo D 34 de vinil com saltinho baixo que ficou legal e está em promoção. Aí ela acaba levando o modelo Z, que ela achou na loja Y, para no dia seguinte dizer: "puxa, eu realmente deveria ter levado aquele de couro..."
Roupas - a calça fica boa na cintura, mas apertada na perna. Opa, tá boa na perna, mas não entra na cintura. Outro modelo? "Não tem mais, moça, acabou tudo ontem. Mas tem essa com o tecido mais macio, e outra modelagem, pode ser que sirva." Ficou ótimo! Mas é caro. O marido, é claro, acaba convencido porque vai ficar PER-FEI-TO com aquela blusinha que ela ainda vai comprar...
Bijouterias - em um grande shopping de bijouterias em Limeira, cometi o deslize de dizer que não entendia os critérios da minha mulher para comprar tais ornamentos. Ela, então, diante de um grande mostruário de colares, me pediu: "diz aí, qual você compraria para mim?" Desespero total. Suor. Ela ficou irredutível. Apontei para um modelo mais simples, ela fez uma cara de muchocho, não desaprovou mas também não morreu de amores. Deve ter sido gentil. Mais para frente, nos deparamos com um modelo bem parecido, de outra loja: "AI QUE LINDO!" Desisto.
Presentes para minha família - por mim, tudo se resolveria com DVDs e livros. Ou, melhor ainda, vale-presentes. Mas não, imagine, que falta de sensibilidade. Aí toca ver alguma coisa para as quatro irmãs (que agrade a todas e que, ao mesmo tempo, seja igual para evitar crises de inveja), algo diferente para minha mãe (mas não tão diferente assim para que as irmãs não vejam um grande beneficiamento), qualquer coisa para os cunhados (é só não repetir o que foi dado no ano passado, eles nem ligam) e algo para os sobrinhos. Bem medido, porque eles ainda podem não saber quantificar crises de inveja, mas seus pais sabem. Eu adoro minha família.
28 de dezembro de 2010
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13 comentários:
Só digo uma coisa: esse post é muito injusto!
ahahahaah!
Caraca! Lá em casa somos em cinco mas só presenteamos os sobrinhos que são quatro ao todo. E, mesmo assim aja presente!
Vale-presente é péssimo, hein?
Ainda bem que você tem uma Priscila na sua vida.
Daí a necessidade de pesquisar bem para pagar barato, Fabinho. Você não faz ideia do que é ficar cinco horas de loja em loja no circuito metálico-têxtil de Limeira/Americana enquanto o Fifa do PS3 espera para ser jogado! E aí tem gente que vem aqui falar de injustiça!
Pô, Gabi! Nem pra ajudar, né? Mas, brincadeiras à parte, ainda bem mesmo que existe uma Priscila na minha vida. Você nem faz ideia.
hahaha a parte das bijuterias foi ótima, ela pede opinião e pra variar nunca é o q a gente gosta.... parabéns pelo blog
Ok, a gente sabe que vocês detestam esse tipo de programa. E a gente ignora a cara feia, finge que está tudo certo, porque no fim o que a gente quer é que vocês aprovem o que iremos comprar.
Ou, às vezes não: porque a gente acaba comprando mesmo quando existe alguma desaprovação.
Enfim.
Tem coisas que nem Freud explica.
Vai comprar jogo de videogame? Dor no pé! Pra ficar horas andando atrás de roupas, a dor some! (ó eu floodando os comentários do meu próprio blog, que vergonha!)
Muuuito bom ! Seria trágico se não fosse cômico. rs* Adorei o texto.
Realmente, agora entendi pq vim ao mundo!! ahuahuahuahau
Oloko, como assim este post??
Que eu me lembre, vc saiu bem feliz no final da entrega doS presenteS, hein??? hahahaha
Aposto que ano ki vem essa história vai se repetir! E HAJA pernas e pés! hihihihi Coragem!!
AH, só não se esqueça que: sapato (vulgo tênis), roupas (shorts, camisetas e camisas) e até bijouterias (tipo caneta) vc tb adquiriu!
Bjão
Ai, cunhado e namorada do cunhado! Nada a ver! Que antiético! Já estão desvirtuando tudo! Eu disse que gosto de compras! No entanto, todavida, contudo, apenas teci algumas observações irônicas e sarcásticas, com uma boa dose de liberdade poética, a respeito do comportamento feminino diante do ato de consumir. Que venha o ano que vem! (só não me chamem para ir até a José Paulino, pelo amor de Deus...)
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