Antes de começar, é importante dizer: eu entendo muito pouco de futebol.
Mesmo assim, não consigo ficar calado diante de todo frisson causado pela despedida do Ronaldo.
O cara merece? Sem dúvida. Jamais questionarei isso. Que menino, quando criança, nunca se imaginou em uma final de copa dando a vitória ao Brasil? Pois é, o Ronaldo fez isso na vida real, em 2002, marcando DOIS gols.
Vá ao Youtube e procure por gols do Ronaldo, principalmente no Real Madri e Barcelona. São jogadas impressionantes. Enfim, seus feitos no futebol estão documentados, reconhecidos e são inquestionáveis.
O que dá para questionar é uma certa "mentalidade de rebanho" que acompanha qualquer grande evento de ampla repercussão. Como a aposentadoria do Ronaldo. Em tempos de Twitter, Facebook e afins, é sempre bonito expor sua opinião, neste caso, de forma favorável ao Ronaldo. Mostra que você conhece do assunto, está ligado, e lamentar a aposentadoria do Fenômeno revela o quanto o futebol é importante para você.
Ou seja: ir ao Twitter e digitar #prasemprefenomeno é nada mais nada menos que entrar em uma tribo, uma tribo gigantesca, e ser automaticamente aceito por ela.
Um dos argumentos que justifica todo o oba-oba em torno de Ronaldo é a história da "Geração Ronaldo", que recai no bom e velho "é o maior que vi jogar". Me desculpem, mas eu não posso dizer isso. Não quero ser chato, mas o auge do Ronaldo foi na Europa, e eu nunca tive TV por assinatura ou pay-per-view para acompanhar os jogos do PSV, Real Madri, Barcelona, Inter e Milão e Milan.
Mesmo que tivesse acesso aos jogos, seria difícil assisti-los se eles rivalizassem com as partidas do Corinthians: é que eu sou corintiano, e prefiro ver qualquer jogo do meu time preferido do que de qualquer outra equipe. Eu sinto muito, o Ronaldo pode até figurar entre "os maiores que vi jogar", mas fica longe do topo da lista. Para mim, eles são Neto, Ronaldo (goleiro), Marcelinho Carioca, Viola.
Jogadores, este sim, que eu via sempre jogar. Jogos inteiros, e não só os gols do Fantástico. Em algumas oportunidades, até chorei com eles. Juntos, eles não pagam a meia que o Ronaldo usa, e este é o ponto. Mal comparando, Ronaldo é como o guitarrista virtuoso, técnico, um estouro no palco, não erra uma nota, leva a multidão à loucura com seus solos imbatíveis. Meus ídolos são aqueles músicos medianos, mas que tocam na banda que eu gosto. A que mais me agrada. Fazer o quê?
Outra coisa: é muito comum analisarem a passagem do Ronaldo pelo Corinthians com os olhos no passado dele. No Timão, ele foi brilhante por um semestre, e levou o time ao título paulista e da Copa do Brasil de 2009. Não é pouco, não mesmo; mas também não é tanto se levarmos em conta que ele jogou duas temporadas inteiras na equipe e ainda mais, afinal, que ele é um "Fenômeno".
No fim das contas, acho que é este poder de aglutinar tantas opiniões positivas a seu respeito que formam grandes ídolos. Ou o contrário, tanto faz.
Antes de me xingar, lembrem-se: eu entendo muito pouco de futebol.
15 de fevereiro de 2011
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